Construtivismo e a Alfabetização
A voz e a vez do professor
A alfabetização é um assunto que ganha relevância no cenário educacional contemporâneo; o analfabetismo (a outra face desta mesma moeda) torna-se o mal do século XXI, visto que na sociedade atual (tecnológica e informatizada), não há espaço para aqueles que sequer dominam a modalidade escrita da sua língua materna.
Ter um elevado número de pessoas analfabetas no terceiro milênio deixa de ser um problema de segunda ordem e passa a ser uma falha imperdoável para as nações que querem ter perfil econômico competitivo no mundo globalizado; além disso, do ponto de vista da inclusão social, como fica a “escola redentora”, tão preconizada no início do século XIX, diante de um cenário tão perverso e excludente?
Neste sentido, no final do século XX, a sociedade mundial foi convocada para a reflexão a respeito do problema do analfabetismo, e muitas “soluções” foram propostas. No Brasil, com o intuito de resolver o problema do ensino oferecido às crianças de camadas populares, principalmente o das ingressantes no ensino fundamental, as secretarias de educação de vários Estados incumbiram-se, a partir daquela época, da tarefa de investigar as causas do analfabetismo e de buscar meios para combater o problema.
Deste conjunto de medidas e instituições envolvidas, “recorto” a iniciativa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo de implantar o Ciclo Básico na rede pública de ensino e convido o leitor para me acompanhar na análise do que representou (especificamente partir da década de 1980) essa medida governamental nas leituras, nas interpretações e principalmente no comportamento pedagógico dos professores da rede pública de ensino paulista.
Defendendo a ideia de que as reformas educacionais no Brasil sempre partem de “cima para baixo”, por meio de “canetadas” autoritárias que excluem o professor de todo o processo decisório, pretendo alertar governos e lideranças educacionais, de que esse caminho não é favorável para a superação das desastrosas estatísticas que expõem vergonhosamente o país para a sociedade local e global.